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Burnout e o Trabalho Remoto

Recentemente o Rafael Caceres trouxe o assunto do burnout à tona na Taller, apresentando uma ferramenta que tenta rastrear o nível de stress da pessoa, através de perguntas.

Apesar de termos diversas ferramentas internas que tentam evitar esse estado, como a completa abolição das horas extras na operação, a entrada ou não em estado de esgotamento é algo pessoal, que depende demais de ações do próprio indivíduo. É claro que fatores externos em empresas tradicionais são os principais causadores do burnout, até porque não permitem que os pontos abaixo sejam colocados em prática, tomando pra si todo o tempo do “recurso”. Mas o assunto esgotamento tem sido bem comum também em empresas modernas que (de fato) prezam pela saúde mental de todo o sistema.

Antes de começarmos a pontuar as saídas, o crescimento dos workaholics e do glamour em torno deles é a principal causa, na humilde opinião (não foi pesquisa, mas observações locais) deste autor, do aumento do burnout nas empresas. Muita gente ainda não entendeu que não é sobre trabalhar mais, mas sim sobre trabalhar melhor, gerando melhores resultados, é olhar mais para a eficácia. Quando você interioriza “work smarter, not harder” os pontos abaixo ganham clareza e obviedade.

 

Disciplina

Ficamos indisciplinados quando estamos trabalhando de casa, como constatei em 100% das conversas que tive sobre o assunto. No início é a síndrome do “já que estou de casa, tenho um benefício, então faz sentido eu trabalhar mais”. Não, não faz. Não é um benefício e muita gente tem dificuldades sérias para trabalhar de casa. O esgotamento mental acontece normalmente por esgotamento profissional (segundo o ministério da saúde), seja em casa ou no escritório, então se discipline para não trabalhar mais do que o necessário.

Outro ponto em comum que leva as pessoas a trabalharem mais de casa é o fato de estar longe do “chefe”.  Como não há o aspecto “visual” da presença, que acontece mais facilmente no offline, a tendência, principalmente para quem está se habituando ao novo formato de trabalho, é fazer mais para evitar cair na armadilha mental de não ser reconhecido pois “não está fazendo nada”.  “Ahh não consegui terminar nada hoje, meu chefe vai achar que não estou trabalhando.” Se isso for verdade, mude de chefe.

Parece estranho escrevendo assim, mas tenho a impressão de que trabalhar longe da sede leva algumas pessoas à um estado de culpa que desemboca em mais trabalho para, teoricamente, gerar mais resultados. Quando na verdade pode ser só o velho hábito da microgestão que muitos de nós estamos — erroneamente — acostumados.

Eu sofri com as duas síndromes quando comecei a considerar mais seriamente trabalhar remotamente, em 2005. Parte desses receios eu só fui perder em 2013, quando entrei na Crafters Software Studio, uma empresa de Santa Bárbara D’Oeste que já era 100% remota. Até então eu nunca tive alguém pra me dizer: Cara, para, tu tá viajando.

 

Hobbies

Coloco os hobbies no mesmo nível de importância da disciplina, porque eles são o que de fato funcionarão como sua válvula de escape e isso realmente resolve problemas. 

Um requisito bem importante do hobby que você escolher é que ele tem que ter a capacidade de te desconectar dos desafios profissionais que estão ocupando a sua atenção no momento. Desconectar. Existem várias opções por aí e os escritórios modernos não possuem salas de descanso e de jogos, que podem e devem ser usadas, apenas porque querem ser cool, mas sim porque acreditam que um momento de desconexão pode levar as pessoas à soluções melhores para os problemas que estejam enfrentando.

E quantas vezes isso não aconteceu com você mesmo? Horas e horas em cima de um problema insolúvel e, após alguma distração ou de uma noite bem dormida, a solução salta bem na frente dos seus olhos? Isso aconteceu porque, durante o período de distração ou durante um noite bem dormida, o cérebro trabalha nas sinapses do dia, desfazendo e refazendo algumas conexões neurais.

O mesmo acontece comigo durante um jogo do Flamengo e, dependendo do jogo, horas antes e horas depois. Também deixo meu cérebro refazer as conexões com atividades em família, seja videogame ou totó (pebolim em algumas partes do Brasil) com o filho, jardinagem com a esposa, ou com marcenaria — hobby que tem ocupado boa parte do meu tempo nos últimos meses. Zerar um novo Battlefield ou ganhar um campeonato no FIFA também são atividades bem eficientes para desconectar o meu cérebro do trabalho. 

Algumas séries na Netflix ou Amazon também fazem um bom trabalho pra me desconectar, mas é comum eu me pegar pensando no trampo mesmo vendo série. Então eu gosto, mas não uso muito como exemplo para desconexão. Não usei livros como exemplos porque no momento só estou lendo assuntos relacionados ao trabalho.

Perceba quantas atividades extra eu citei e isso em tempos de pandemia: Flamengo e futebol em geral (assisto muitos jogos e estudo o esporte, algo que me prende muito também), videogame, jardinagem, marcenaria. Outras pessoas podem desconectar com séries, livros que não sejam relacionados ao trabalho, caminhada, escutar música, tocar música.

Enfim, busque a sua válvula de escape. Um recurso que te ajude a recriar sinapses, que por sua vez ajudarão a resolver problemas complexos com menos esforço, evitando assim o burnout.

São pontos relativamente simples para colocar em prática, que exigem pouco ou nenhum esforço físico mas, em especial o primeiro, exige muito esforço e disciplina mental, assim como a eliminação de algumas crenças enraizadas no passado, quando o trabalho do conhecimento ainda era tratado como fábrica de parafusos.

Mas perceba que em empresas modernas, o maior responsável pelo seu burnout pode ser você mesmo que, por algum motivo, não se permite desconectar e não permite ao cérebro criar novas conexões.

Contudo, é importante também saber quando procurar ajuda. Não é saudável sentir exaustão rotineiramente ou se as atividades que antes eram prazerosas são deixadas de lado pelo cansaço. Nesse caso, procure ajuda profissional. A Síndrome de Burnout tem tratamento. Atente-se aos sinais que indicam a possibilidade de um burnout estar próximo, o apoio de profissionais qualificados nesses casos é imprescindível para você restabelecer sua saúde mental.


Ah, se você teve curiosidade, o aplicativo utilizamos por aqui é a integração do Talkit com o Slack. 😉
E você também pode conferir mais posts sobre trabalho remoto aqui no blog!