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Série o Analista de Negócios – O que é BVP no desenvolvimento ágil?

Nestes 4 anos de Taller já experimentamos muitas novidades e práticas que eram vistas como tendência de mercado. Diante disso, o que pretendo compartilhar com vocês nesta série de posts é uma visão de trabalho onde as práticas de Análise de Negócios são amplamente testadas e o foco é de melhoria contínua.

O modelo de BVP surgiu com um kaizen por conta do modelo de trabalho no desenvolvimento de projetos que realizamos com fluxo contínuo, usando Kanban. É importante lembrar que é um modelo de priorização bastante personalizado para atender as nossas necessidades – o que não exclui a possibilidade de que seja adaptado às necessidades de negócios de outras empresas. A validação destas atividades se deu pelas entregas de grandes projetos, como um novo portal da Natura, em 40 dias, e o Natura Relatório Anual, em 8 semanas de projeto. A rapidez da entrega não é o grande triunfo, mas a qualidade que conseguimos manter unida à satisfação e tranquilidade dos nossos clientes, com respeito ao trabalho realizado pelos desenvolvedores. O BVP dá suporte para que, como empresa, possamos oferecer e garantir a sustentabilidade operacional.

Quando iniciamos um projeto é muito difícil ter clareza do que priorizar a fim de realizar uma entrega de valor mais rápida paro o público a que o projeto se destina. Geralmente o requisitante o faz com base em suas convicções pessoais o que, muitas vezes, não é a do usuário final. O BVP ajuda muito a orientar no exercício de pensar no que traz realmente valor ao produto final e fazer a priorização do que deve ser entregue antes. Ele ajuda, inclusive, a nortear o próprio solicitante no exercício de realizar a priorização correta das histórias. O BVP nos trouxe uma maior agilidade na hora de fazer essas priorizações. (Renato Lima, Coordenador de Projetos da Natura)

Mas, o que é BVP?

Sigla para Business Value Points que na tradução livre seria Pontos de Valor do Negócio. Numa visão pessoal é uma metodologia que empodera o cliente na tomada de decisão do que deve realmente ser feito pela equipe de desenvolvimento, numa ótica estritamente de valor de negócios para dentro do projeto.

Antes de iniciar qualquer projeto dentro da Taller, este passa por uma fase de análise de negócio onde são considerados os mockups de interface e o documento de requisitos, que normalmente vem do próprio do cliente, e que identifica quais seus objetivos e necessidades. Geralmente este documento de requisitos não vem especificado de forma clara e objetiva, mas num texto escrito que dá margem para que ocorra mais de um tipo de interpretação, o que gera a necessidade de haver um trabalho de investigação acerca desse documento para que possamos quebrá-lo em histórias de valor e, a partir dessas quebras, incluirmos os requisitos em uma planilha chamada de BVP.

Um detalhe importante é que nesta fase da análise o Analista de Negócios não deve se aprofundar nos requisitos e sim capturar o que é necessário para um bom entendimento do trabalho que precisa ser feito. Num outro momento mais oportuno, junto com o cliente, iremos incluir os critérios de aceite que poderão ainda, dependendo da maturidade do cliente, ser escritos pelo próprio e, só depois, o Analista fará uma análise mais profunda e poderá aprová-los para o desenvolvimento.

Com a planilha criada, os requisitos são repassados ao responsável pelo projeto no lado do cliente. Quando recebida a planilha, o gestor não trabalha em cima de todas as histórias, pois sabemos que não é uma prática saudável. Nossa experiência sobre o assunto diz para trabalharmos com pequenos lotes, já que sabemos que em todos os casos, com a evolução do projeto, muitas coisas vistas no início sofrem evoluções ou até mesmo são descartadas. Por conta disso, orientamos aos responsáveis dos projetos que eles deem especial atenção e foquem seu trabalho em um slot de 5 a 10 demandas para fazer o início da priorização, que mantém uma cadência de revisão a cada 1 ou 2 semanas.

Quais os principais benefícios de usar o BVP e como ele se diferencia dos métodos tradicionais de planejamento e estimativas?

  • Emponderamento do cliente. O BVP foi idealizado para trazer o cliente para dentro da evolução do projeto, tornando-o parte do time e reportando à ele a responsabilidade sobre decisões importantes que precisam ser tomadas e que garantem a transparência na priorização das histórias.
  • O desenvolvimento é 100% focado no valor de negócio, ou seja, maior eficácia do que simplesmente eficiência;
  • Melhora a comunicação com o cliente, principalmente em ambientes onde não temos grandes plannings que envolvem todo mundo;
  • Aliado ao uso do kanban e fluxo único, há uma redução de desperdício de recursos como reuniões do tipo Release Planing ou Sprint planing onde é necessário envolver muitas pessoas em reuniões longas, cansativas e custosas e que reúnem mais profissionais com dúvidas do que necessariamente certezas e objetivos a serem cumpridos.

E quais as possíveis desvantagens de usar o BVP?

  • A primeira desvantagem que identificamos neste modelo de trabalho, através da nossa experiência até o momento, é quando o cliente não tem a cultura do feedback contínuo, já que, para essa ferramenta atingir seu máximo potencial, o diálogo entre Analista de Negócios e cliente tem que ser aberto e próximo.
  • Outra desvantagem é que o modelo de operação do fornecedor se torna um obstáculo, pois mudanças repentinas de priorização de escopo podem acontecer e se a operação não estiver estruturada gerará mais problemas do que benefícios.

Este post teve como objetivo uma breve apresentação da utilização do BVP aqui na Taller. No próximo material iremos descrever com mais detalhes o processo de utilização do BVP, como o cliente realiza a priorização, quais os critérios e quais as medidas utilizadas na planilha. Você pode ter uma prévia na imagem abaixo.

BVP-Taller

Até lá!