Agilidade cética: aplicação prática do pensamento cético na agilidade nos negócios
Na confluência da filosofia e da gestão, encontramos um conceito interessante – o Cético Ágil. Vejamos como seria a aplicação prática do pensamento cético usando o um dos filósofos mais influentes do século XVIII.
David Hume, há mais de 250 anos, argumentou que nossas crenças e conhecimentos são inerentemente incertos. Se naquela época isso era verdade, imagine agora. Ele é conhecido pela sua abordagem empírica e cética em relação ao conhecimento e compreensão da realidade do ser humano.
O empirismo afirma que todo o nosso conhecimento deriva da experiência. Os sentidos são a fonte de todas as nossas ideias e a experiência é a base do conhecimento humano. Não podemos ter ideias sem primeiro ter as experiências que serão seu combustível.
Embora a experiência forneça o material para o nosso conhecimento, há limites estritos sobre o que podemos conhecer com certeza. Vejam a quantidade enorme de receitas de bolo prontas que funcionaram, a lá Modelo Spotify, ou qualquer outra empresa hype.
Hume é especialmente cético em relação à capacidade humana de conhecer as coisas que transcendem a experiência direta, como a causalidade em sistemas complexos.
É na análise da causalidade que o ceticismo e empirismo de Hume se conectam.
Ele aceita que a experiência pode nos mostrar que um evento frequentemente segue outro, mas é cético quanto à nossa capacidade de saber que um evento causa outro.
No fim das contas, Hume afirma que devemos questionar nossas suposições constantemente e evitar a armadilha do dogmatismo. Com isso, nos encoraja a permanecer abertos a novas informações e a testar continuamente nossas crenças.
Essa filosofia tem implicações incríveis para nós que trabalhamos com agilidade de negócios. As organizações modernas prosperam na incerteza e na mudança. Adotam uma aprendizagem contínua, questionam constantemente suas próprias suposições e buscam ativamente novas informações que desafiem suas crenças existentes. Nesse contexto, o ceticismo saudável se torna uma vantagem significativa.
Tudo bem aplicar as receitas de bolos prontas para um começo. Quer usar o framework, modelo, estrutura da modinha? Está tudo bem. O problema é quando a ferramenta vira o dogma, geralmente defendido a todo custo por consultores e treinadores certificados. Temos que constantemente aprimorar nossas ferramentas, e isso passa pôr desafiar constantemente cada uma delas contra o mundo real.
Pensamento Sistêmico e Complexidade
Conectar o pensamento cético à agilidade nos negócios não seria completo sem a consideração do pensamento sistêmico e da complexidade. O pensamento sistêmico é uma maneira de entender a complexidade inerente a nossos ambientes de negócios. Ele nos lembra que os sistemas são maiores do que a soma de suas partes e que qualquer mudança em uma parte do sistema pode afetar todo o sistema.
O pensamento sistêmico oferece uma maneira de questionar constantemente a estrutura e os padrões do sistema, a fim de resolver problemas e gargalos, além de identificar oportunidades de inovação e melhoria. Eles entendem que o sistema é complexo e que nossa compreensão dele está sempre evoluindo.
“Nos sistemas complexos causa e efeito estão distantes no tempo e espaço, e mesmo assim tendemos a procurar pelas causas próximas de onde está o efeito que tentamos explicar. Nossa atenção é atraída para os sintomas da dificuldade em vez da causa oculta.”
Celso Martins no ebook Dinâmicas de Negócios
Adotar uma postura cética no mundo de negócios não é apenas questionar. É sobre adotar uma mentalidade de aprendizado contínuo, reconhecendo a complexidade inerente do sistema e buscando ativamente testar e desafiar nossas suposições.
Nunca devemos assumir que descobrimos tudo. Nós “temos que continuar pensando“, testando, aprendendo e nos adaptando em um ambiente de negócios cada vez mais incerto.
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