Gestão de Pessoas em empresas ágeis – o Programa de Mentoria
Um dos princípios mais bacanas numa empresa que trabalha com métodos ágeis no seu desenvolvimento é que suas melhores experiências inovadoras acontecem através de indivíduos motivados, entre os quais existe relação de confiança. Entre estes resultados não devemos considerar apenas os que envolvam desenvolvimento de software e, por isso, é tão importante o apoio das organizações nas iniciativas que visam o crescimento profissional e a integração de seus colaboradores.
Uma dessas iniciativas, que é recente ainda aqui na Taller, é:
O Programa de Mentoria:
Mentoria, comumente, é relacionada ao apadrinhamento de um profissional mais experiente a um com menor experiência em um conhecimento específico. Porém, acreditamos que, numa empresa pequena e de cultura horizontal, a mentoria deva ser realizada entre todos.
Como assim?
Bem simples: todos os “talleres” são mentores e mentorados por alguém. A intenção é que exista uma interação maior com pessoas de diferentes papéis, que estes saiam da sua zona de conforto e que as experiências sejam compartilhadas, evitando as ilhas de conhecimento. Outro ponto importante é que os mentores tem papel fundamental no acompanhamento de desempenho e na realização das metas de seus mentorados. Falamos como se dá a construção do plano de metas no nosso primeiro post sobre o assunto.
O papel do mentor
Não há uma definição mundial perfeita deste papel. Cada um irá desempenhá-lo de acordo com as suas características e de acordo com a necessidade de acompanhamento do mentorado. Conhecer o plano de metas do colega, discutir e ajudá-lo a traçar uma estratégia para a realização das metas é o primeiro passo. O segundo passo é coletar feedbacks dos profissionais que atuam mais próximos ao seu mentorado a fim de perceber, pela visão do time, como está o andamento do seu desenvolvimento profissional e perceber algumas nuances de comportamento e humor. Nada que os minutinhos que duram um cafézinho não resolvam.
O papel do mentorado
A coisa mais importante no papel do mentorado é estar aberto para ouvir. Não ouvir apenas, mas praticar a verdadeira escuta ativa. Outro ponto a se ressaltar é que a relação mentor-mentorado deve ser transparente e de confiança. O mentorado deve ter a plena consciência que o seu mentor está ali para ajudá-lo a resolver seus problemas e ser um facilitador na busca por soluções e cumprimento das metas. Se ele não se sentir à vontade com essa relação, tudo bem: o programa de mentoria não é uma imposição. Todos os profissionais devem se sentir confortáveis com esse papel e, para isso, precisam de um canal aberto de comunicação com a gestão de pessoas, RH, ou qualquer outro setor/papel que possa ajudar a mediar este processo.
Nossa experiência
Ciclo de mentoria 1
Na Taller, cada ciclo de mentoria e metas dura três meses. No início do programa, optamos por fazer um sorteio de cada dupla, interferindo no resultado apenas para formar duplas com pessoas que não trabalhassem num mesmo projeto: o objetivo era de aproximar as pessoas e fazer com que áreas diferentes se comunicassem gerando também um sentimento de pertencimento e responsabilidade para o sucesso do outro.
As duplas tinham autonomia para se organizar da forma que achassem mais apropriada e também de renomear seus papéis. Por exemplo: eu fui mentora do Walmyr Filho, nosso agile testing coach. Fazíamos encontros aleatórios durante uns minutos para comentar o progresso das metas e verificar situações que eu poderia ajudá-lo. Além disso, compartilhávamos um documento que era alimentado pelo Walmyr onde ele escrevia a que passo cada meta estava. Durante este período, eu acompanhava o documento a cada 15 dias e colhia feedbacks do pessoal que trabalha diariamente com ele, passando essas informações em um momento apropriado. Éramos a dupla Beavis e Butt-Head.
No final do ciclo 1, há cerca de um mês, tive conversas individuais para verificar aqueles que conseguiram ou não colocar o programa em prática. Pude avaliar e reconhecer as dificuldades de cada um assim como as boas práticas daqueles que conseguiram exercer seus papéis de forma eficiente. Um excelente feedback para identificar as melhorias para o próximo ciclo de mentoria.
Ciclo de mentoria 2 (em andamento)
A primeira mudança identificada como necessária foi: sortear não é a melhor opção. A solução encontrada foi de fazer cruzamentos entre perfis e colocar os bons mentores do ciclo anterior para mentorar aqueles que não conseguiram exercer esse papel. Identificamos também aqueles que tentaram ser bons mentores, mas não tiveram uma boa resposta do seu mentorado formando dupla com os mentorados que ficaram órfãos no ciclo de mentoria anterior.
Neste ciclo as metas que antes eram construídas presencialmente junto aos times, foram extraídas da planilha de acompanhamento do feedback 360° e serão focadas nas melhorias dos itens que tiveram uma porcentagem de aproveitamento mais baixa. Somadas a isso, temos as sugestões dos times de coisas que seriam legais para a Taller e para as comunidades em que estamos engajados e, por fim, as metas pessoais que serão construídas junto com cada profissional.
Outra diferença é que poderemos, agora com um pouco mais de experiência, compartilhar um material bacana com as boas práticas do ciclo de mentoria anterior, que serão adicionadas ao já existente Guia do Mentor e Mentorado, onde constam as descrições mais detalhadas dos papéis, assim como boas práticas de feedback – para os que dão e para os que recebem.
A melhoria é contínua
Como tudo que fazemos na Taller, a resposta rápida às mudanças é um fator primordial de sucesso em qualquer atividade. Nada está escrito em pedra, e a autonomia do programa continua. Tudo o que fazemos é acompanhar e aconselhar, além de estarmos abertos aos feedbacks em todos os níveis. “Em intervalos regulares, o time reflete em como ficar mais efetivo, então, se ajustam e otimizam seu comportamento de acordo.”
Logo mais teremos novas rodadas de conversas para repensarmos o programa de mentoria e como faremos para potencializar a conquista das metas. O futuro desafio será incorporar algum tipo de gamification nessa jornada… mas ainda estamos conversando sobre o assunto e medindo a necessidade.
Se você ficou interessado na prática de mentoria, deixe seu comentário para que possamos trocar umas figurinhas. Se quiser implementar na sua equipe, a única dica que consigo pensar agora é: converse com o seu time, conheça as experiências que eles já tiveram com atividades de mentoria e construa com outras pessoas um roteiro do que seria bacana para a sua realidade. Se precisarem de ajuda, vocês sabem como me achar 🙂