Muitos motivos me fizeram escolher a transparência como assunto deste terceiro post, além das diversas práticas que temos aqui na Taller e que compartilharei em seguida.
Ultimamente ando lendo muito sobre comunicação efetiva, o porquê de ser fazer algo, e andei tendo contato com empresas que não entendiam a razão de não conseguir engajar seus colaboradores em mudanças ou objetivos estabelecidos.
Para todas elas, o “conselho” que eu dou é sempre o mesmo: seja transparente. Esteja aberto a ouvir, a explicar, a trazer seu colaborador pra dentro da sua ação.
No excelente livro Scrum 360, do Jorge Audy, tem uma pequena passagem que fala sobre os três pilares do Scrum: transparência, inspeção e adaptação. Entre os princípios ágeis que estão por trás do manifesto, alguns trechos me saltam aos olhos, como:
O Método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para, e por dentro de um time de desenvolvimento, é através de uma conversa cara-a-cara.
No Scrum Guide, mais uma prova da importância da transparência:
Aspectos significativos do processo devem estar visíveis aos responsáveis pelos resultados. Esta transparência requer aspectos definidos por um padrão comum para que os observadores compartilhem um mesmo entendimento do que está sendo visto.
Você ainda tem alguma dúvida de que, em empresas ágeis, um dos grandes pilares/desafios seja a transparência?
Bom, em muitos aspectos no desenvolvimento de software, a importância da transparência se faz verdadeira e diária. Trazer o cliente para dentro do projeto é um ato de transparência, e também a melhor forma de identificar problemas e gargalos num projeto.
Cerimônias como o daily e restrospectivas fazem com que todos entendam o trabalho realizado, sintam confiança de que o projeto está indo para a direção certa, e tenham oportunidade de expor suas aflições e pedir ou dar ajuda.
O que Gestão de Pessoas tem a ver com transparência?
Eu sempre falo que acredito fielmente que uma empresa só aplica o ágil de fato se todas as áreas tiverem os mesmos norteadores. Do que adianta o pessoal de operações ter o mindset sobre ágil super claro e o RH ainda trabalhar num ritmo engessado e desconfiado? Não adianta nada, só gera stress. O ideal é que área que já aplica o ágil possa dar o exemplo através de bons resultados para convencê-los de que este é o mindset mais apropriado.
Outro pensamento que eu compartilho é que a gestão de pessoas é feita para as pessoas, e pelas pessoas. Não cabe a mim, apenas, levar a gestão para as pessoas – até porque eu não daria conta – ainda que numa empresa pequena.
Cabe a mim incentivar o cuidado com o outro, a transparência na comunicação, dar suporte para que outras áreas possam exercer a agilidade de forma plena, pensando sempre em indivíduos e interação entre eles mais que processos e ferramentas.
Prioridade às pessoas, esforço principal de melhoria deve vir de uma nova mentalidade e estilo de trabalho das pessoas para a qualidade, equipe, sabedoria, elevação da moral, autodisciplina, círculos da qualidade e prática de sugestões individuais ou de grupo. “ (Masaaki Imai)
As práticas
E como garantir que os colaboradores se sintam pertencentes aos projetos e à empresa, aos resultados, ao sucesso e ao fracasso? Transparência. E como isso é feito? Chegamos na parte legal do post!
Quero compartilhar com vocês algumas ações fora do desenvolvimento de software e design que, no meu entendimento, são norteadores e estratégicos na hora de manter a clareza, o engajamento e alinhamento entre todos os talleres.
- Feedback 360: nesta dinâmica, quem dá feedback é o time e não o gestor. Numa planilha de acompanhamento são listados itens levantados após pesquisa e conversas sobre quais são os aspectos mais importantes na manutenção e crescimento das relações entre os colegas. Todos dão feedback e todos recebem, sem exceção. No meu primeiro post, você pode ter acesso ao processo de forma um pouco mais detalhada.
- Transparência Financeira: trimestralmente o Anderson, líder da nossa área financeira, traz aos talleres uma apresentação sobre como foram os últimos meses, o que entrou, o que saiu, quais os gastos, as dívidas e os lucros. Mostra também quais as prospecções financeiras e comerciais a curto prazo. Todos tem a oportunidade de saber a quantas anda a saúde financeira da empresa, e de fazer todo tipo de questionamento ou sugestão.
- Cerimônias: mantendo um hábito que adquirimos no tempo que utilizamos o Scrum, as cerimônias como daily e restrospectivas estão presentes na nossa rotina, seja ela de desenvolvimento ou não. Atualmente, há um incentivo de que pessoas de fora do projeto em questão sejam as facilitadoras das retrôs e possam assim se informar sobre algum projeto, sugerir ações e mediar discussões.
- Núcleo de eficiência: as estratégias tecnológicas e operacionais de todos os projetos são decididas a partir desse núcleo, e não mais pelo CTO. Todos estão convidados a participar das reuniões quinzenais e a pensar sobre a melhoria da eficiência na produção.
- Altus Baita: esse é o nome do informativo do Núcleo de Criação (Gestão de Pessoas, Design e Marketing). Mensalmente o NC compartilha com todos os talleres suas atividades, os eventos que estivemos presentes, links interessantes compartilhados, quem deu um banho no ping pong e quem ganhou o desafio selfie suado.
- Gestão visual: na Taller ela beira a poluição visual. Todas as paredes que estão ao nosso alcance estão tomadas por algum kanban indicando algum projeto ou iniciativa. É assim na produção, no comercial, no financeiro, no Núcleo de Criação, na ida aos eventos, na gestão do fluxo e no que mais for preciso. Tudo está na parede. A importância da transparência é evidente.
- Agenda livre: todos podem propor alguma atividade ou dinâmica que traga algum benefício aos demais colegas. Assim como todos podem negar. É um bom filtro para saber o que gera interesse da galera, né?
- Manifestaller: em constante evolução, está ali tudo o que esperamos de um taller. Assim como o que o mundo pode esperar da gente.
- Radar da felicidade: na parede, tem um espaço para cada um indicar se está feliz, mais ou menos ou triste com aspectos como tecnologia, relações pessoais e humor. Há também um espaço para sugestões de mudanças e para reconhecer a ação de alguém ou indicar o que não curte. Esse radar não teve muita adesão, por isso estaremos evoluindo em breve.
- Metas: todas as metas são relacionadas aos pontos de melhoria do feedback 360, e possuem a participação de quem irá executá-las. Nenhuma meta é imposta, e todas são contextualizadas. Nosso próximo passo é evoluir para as amadas OKRs.
- Reuniões de conselho: elas estão meio fora da nossa rotina ultimamente, mas pretendemos retomar em breve. A ideia é ter um momento, mensal, onde todos são convidados a conversar sobre as decisões estratégicas da empresa, mantendo o alinhamento, a comunicação e abrindo um espaço para que os colaboradores possam contribuir com o que acharem apropriado.
A transparência é uma construção e algo a se trabalhar diariamente. Ela envolve muita coisa, muitos assuntos adjacentes como comunicação eficiente, confiança, entrosamento, compreensão e etc. O mais importante é entender que a Taller não realiza essas ações porque é uma empresa cool ou diferenciada, é uma questão de simplicidade e inteligência:
Em um mindset ágil evitamos fazer surpresas, não importam se para algo novo ou um problema, bom ou ruim, o quanto antes todos souberem e puderem contribuir melhor, ideias evoluem se forem colaborativas, riscos são mitigados quando todos estão empenhados em diminuí-los. (Jorge Audy)
E na sua empresa, como a importância da transparência é tratada? Tem alguma prática que você acha mais inovadora? Compartilha com a gente! Estamos sempre querendo algo novo para testar e crescer!
Até o próximo o post 🙂