Após anos de trabalho com o Drupal, participando e promovendo os eventos da comunidade brasileira, contribuindo e disseminando o conhecimento, enfim o Sebastian e eu, Renato, tivemos a oportunidade de estar em uma DrupalCon – a primeira DrupalCon LATAM – com o bônus de palestrantes. Diante de vários conteúdos e palestras, gostaríamos de compartilhar a nossa visão como drupaleiros sobre algumas coisas com vocês.
Sobre os assuntos que se destacaram
Como já era esperado, as keynotes não deixaram a desejar. Começando com a do Dries Buytaert, que apresentou muito bem sua visão sobre o futuro da web e como ele enxerga o Drupal neste contexto. As mudanças de arquitetura e todas as melhorias de interface são a forma mais sustentável de manter a evolução do projeto e conseguir alcançar essa nova realidade do mercado. Enquanto a apresentação do Dries foi bastante conceitual, Larry Garfield aproveitou para mostrar na prática como está o Drupal 8 atualmente e provar que agora temos uma solução muito mais madura e robusta capaz de suprir as necessidades atuais do mercado de desenvolvimento de software.
Continuando a falar do Larry Garfield, se destacou sua outra talk que abordava Design Systems and Drupal, mostrando claramente como olean funciona na prática, e levantando a discussão de que no Drupal precisamos ter um processo definido desde o início, não precisando de um layout, por exemplo, para começar um projeto. Pode tranquilamente começar focando nos componentes que o Drupal oferece, criando o site junto com o designer. Percebemos que este é justamente o problema que muitas empresas enfrentam, onde aparentemente lutamos contra o Drupal, desenvolvendo funcionalidades complexas ao invés de já se beneficiar daquelas o que o Drupal fornece, reduzindo o esforço.
Do ponto de vista de dentro do projeto de Drupal 8, outra apresentação muito interessante foi a do Mixologic, da Drupal Association, apresentando as novidades implementadas no drupal.org. Nessa apresentação fica claro o esforço que a D.A. tem depositado para melhorar o ecossistema ao redor do projeto. Algumas dessas mudanças já são bem conhecidas, como a reformulação da issue queue, os novos sites events.drupal.org e jobs.drupal.org. Porém há muitas outras coisas interessantes que provavelmente poucos já sabiam.
Apesar de estarmos focando em uma visão técnica, compartilhamos o gosto pela palestra do Todd Nienkerk, como já falamos no post sobre a visão business da DrupalCon.
Sobre as vertentes de inovação
No que diz respeito a processos, percebemos a presença muito forte de ideias alinhadas com ágil e lean. Isso demonstra um avanço importante do mercado de tecnologia na América Latina, uma vez que essas práticas, que antes eram vistas como fora da realidade, vem se tornando mais presentes dentro de agências e drupalshops e os clientes, por sua vez, começam a enxergar os benefícios dessa mudança de perspectiva sobre como se deve construir software. Houve muita discussão e troca de experiências relacionadas a este assunto, tanto em questões comerciais quanto na implementação desses modelos dentro das empresas.
Com relação a questões de arquitetura de software, ficou muito clara a visão do futuro do Drupal como um serviço a ser consumido por outras aplicações. Drupal headless é uma tendência forte e que deve se estabelecer por conta da importância de se ter microserviços, onde os sistemas desacoplados permitam uma previsibilidade maior, fazendo com que nossa eficiência aumente. Neste sentido tivemos bons exemplos para reforçar esta propensão que cada vez mais vem se tornando padrão de mercado.
Em termos de ferramentas, ficamos animados com a evolução do Drupal Console. Baseado no console do Symfony, o Drupal Console traz uma nova era para a execução de tarefas via linha de comando para o Drupal, mantendo tudo que o drush já nos possibilitava somado ao scaffolding e a inúmeras outras funcionalidades no roadmap. E agora já tem um contribuidor do Brasil, pois tive a oportunidade de ajudar com a tradução para pt-br.
O que podemos esperar do Drupal 8
Talvez o Drupal 8 seja um choque pra muitas pessoas por trazer conceitos de engenharia de software que agora serão primordiais para o bom aproveitamento do framework de CMS. No mercado enterprise, foco do Drupal nos últimos tempos, possivelmente não será o suficiente ser um bom site builder, ainda assim o mito de que o Drupal 8 será um bicho de 7 cabeças já está sendo desconstruído na medida em que as pessoas entendem as razões pelas quais as decisões foram tomadas. Isso ficou ainda mais claro na keynote do Larry Garfield, que comentamos anteriormente, apresentando uma solução simples, intuitiva e agora muito mais poderosa.
Outro ponto importante é a fusão entre as comunidades Drupal e Symfony, que proporcionou a ampliação da comunidade em torno do projeto e um aumento significativo de contribuidores. Muitos problemas que enfrentávamos antes por não termos um framework robusto como o Symphony dentro do core do Drupal devem agora ser solucionados. Todas essas mudanças são fatores determinantes para o sucesso do projeto a longo prazo.
As melhorias dessa nova versão a tornam incomparável com o que costumávamos ter até o momento, pois agora temos a possibilidade de ter uma solução que conta com todo expertise e as boas práticas de desenvolvimento de software já aplicados em outros projetos tão bem sucedidos quanto o Drupal, além de ser uma solução realmente preparada para as necessidades do mercado atual e muito alinhada com as tendências do mercado de TI.
Com certeza não foi possível ver todas as palestras (ainda faltam algumas para assistir :P), mas muitas outras também foram bastante elogiadas. A sugestão é que tentem reservar um tempinho para assistir o máximo possível pois houve muito conteúdo de qualidade neste evento.
A comunidade latina na DrupalCon LATAM
Além das palestras uma outra questão que se destacou no evento foram os Code Sprints. Houveram sprints durante todo o evento, apesar disso o último dia era oficialmente dedicado à contribuição, principalmente para o core do Drupal. De acordo com os dados apresentados pela organização do evento, essa foi a DrupalCon com o maior número de participantes presentes no dia do Sprint. Um número muito interessante para demonstrar todo o potencial da comunidade Drupal na América Latina.
Apesar de estarmos acostumados com code sprints, essa experiência foi muito interessante. Antes de iniciar as atividades tivemos uma introdução para os marinheiros de primeira viagem, onde foram apresentadas muitas dicas importantes que ajudam a acelerar o processo de revisão e aprovação de issues. Após essa introdução o pessoal se dividiu entre usuários Linux, Windows e MacOS, e então em grupos a partir de 3 pessoas para selecionar, documentar e resolver as issues. Foi um processo bem legal e gostamos bastante de participar do sprint e ajudar novos contribuidores, sendo mentores durante o sprint.
Gostaríamos muito de saber o que você tem a dizer. Se você esteve na DrupalCon LATAM ou ouviu as palestras online, compartilhe com a gente as suas impressões! É só comentar aqui no post ou entrar em contato pelas nossas mídias sociais!