Olá, pessoas! Acredito ser importante avisar já no início que esse artigo não será técnico: não vou analisar cada uma das palestras. Vou falar mais sobre a minha experiência pessoal em ir ao evento, ok? Ok.
Há um ano eu nem conseguiria imaginar tudo o que aconteceu. Eu era só uma mulher em uma cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul que estava sonhando alto e minha única certeza era a vontade de trabalhar com códigos. Conto um pouco do início da minha estrada nessa thread no twitter.
O DNE na minha vida
Conheci o Dev na Estrada em uma fase em que eu estava começando a desacreditar que daria certo porque eu morava no interior e não tinha como me mudar naquele momento.
Problemas financeiros, tinha acabado de sair de um trabalho que me sugou em 3 meses o pouco que eu já tinha conseguido reconstruir depois da depressão, a falta de vontade de trabalhar com vendas/administrativo por causa do ambiente de egocentrismo e competição.
Foi quando ouvi duas entrevistas que marcaram minha vida: a do Wharley Ornelas e a do Roberto Achar. Vou contar a importância de cada uma delas nas próximas linhas.
A entrevista do Roberto Achar me fez focar mais em estudar. Eu não tinha curso superior na área de TI e precisaria provar para as pessoas que tenho capacidade. Eu tinha que sentar a bunda na cadeira e estudar se quisesse ser alguém ou conquistar algo. E foi isso que eu fiz: eu não tinha outra alternativa a não ser estudar.
Comecei a segui-lo no Twitter e tive mais contato com o Roberto nas lives de Node.js que ele estava fazendo no YouTube. Não demorou muito e nasceu o Statik, projeto que está crescendo e que pude acompanhar o nascimento.
Foi onde comecei a enfrentar, de fato, um dos meus maiores medos: Pull Request em projetos da comunidade. Foi uma grande vitória a construção do código de conduta do projeto e poder fazer parte disso. E foi dele que ouvi o que me fez perder o medo de contribuir: “Open source, galera, não é só código. Todo mundo acha que só pode contribuir fazendo código. Não! Tem dezenas de formas que você contribuir.” Muito obrigada por tudo, Roberto! Se quiser saber mais sobre as inúmeras formas de contribuir, também indico esse artigo do Training Center.
A entrevista do Wharley Ornelas foi importante para mim de uma forma que chega a ser difícil definir. A história, persistência e teimosia dele me fizeram olhar para a minha história e falar para mim mesma: continua, guria, você não pode desistir agora! Transforme o que você passou de ruim na vida em combustível para não se deixar cair.
Comecei a acompanhá-lo no Twitter, também. Em maio ele postou que a Taller estava contratando (e ainda estamos contratando!) pessoas desenvolvedoras de software, mas eu não me achava boa o bastante para a vaga por não conhecer toda a stack e, principalmente, por ter pouca experiência.
Em uma live do HHBR sobre trabalho remoto (rata de live) perguntei o que eles pensavam sobre trabalho remoto para quem era junior. O Wharley me respondeu e contou como as coisas funcionavam na Taller e fiquei com isso na cabeça durante um mês até criar coragem de mandar um e-mail para o pessoal. Após o teste, entrevistas e espera do resultado (duas semanas que pareceram 2 anos), dia 01/08 passei a ser parte dessa família maravilhosa e trabalho “ao lado” de uma das pessoas que me inspiraram a continuar!
Por esses motivos, eu já era extremamente grata ao trabalho que o pessoal do DNE faz, mas não parou por aí. BrazilJS chegando e eles lançaram sorteio de um ingresso no Twitter. Meti o louco e mandei um twitte sincerão. No dia 08/08, eu tava lá trabalhando e recebo uma mensagem do Wharley no Slack: “Evelyn, tu abriu o Twitter hoje à tarde? Você conseguiu! Ganhou o ingresso pra BrazilJS!!!”. Tenho certeza que meus vizinhos estão assustados até hoje com a FESTA que fiz no meu quarto. Era muita felicidade para um agosto só.
Voltando pra realidade: Como eu vou?
Passei um tempo sem acreditar, extremamente feliz, aí voltei para a realidade:
Preciso das passagens de ida e volta.
A Taller investe nas pessoas! Contei o problema para eles e de imediato já me disseram para ficar tranquila que a empresa iria pagar as passagens. Eu não conseguia acreditar que em duas semanas sendo parte dessa família, já teria tanto apoio.
O que eu tenho de mais valioso na vida são as pessoas que estão nela. Minha família e amigos me dão todo o suporte para eu continuar. E, agora, a Taller se tornou uma extensão dessa família. Obrigada, Talleres, sem vocês isso não seria possível.
Preciso me alimentar nos dias do evento.
Minha mãe e meu melhor amigo me emprestaram o suficiente para me virar e ainda poder ir a alguns rolês com a galera da comunidade durante os dias do evento. Muito obrigada, mãe e Leo!
Preciso de um lugar pra ficar.
Lugar para ficar foi resolvido em 10 minutos de conversa com a Aline. Ela disse que era tranquilo ficar na casa dela. Agradeço também ao Mário e a Mila por disponibilizarem aquele sofá maravilhoso no sábado!
O dia chegou, malas prontas e era hora de colocar o pé na estrada para viver isso tudo. Era hora de ver ao vivo boa parte da minha timeline e dar um abraço apertado neles. Durante a viagem, passou um filme na minha cabeça com tudo que percorri até aqui e foi complicado conter as lágrimas.
O evento
Só me dei conta que aquilo estava acontecendo quando desci as escadas e vi aquele símbolo enorme na entrada. É engraçado ver que para muitas pessoas aquele era mais um evento nas suas agendas, mas estar ali e conhecer minha timeline do Twitter fez uma voz interior aumentar o tom e falar: “Se orgulhe, guria, olha onde você chegou!”. E eu sei que esse é apenas o começo, mas poder ver de perto boa parte das pessoas que me inspiram, foi inacreditável.
Tenho alguns momentos que vou guardar no coração, em um lugar especial.
Conhecer alguns Talleres
Trabalho remoto tem alguns prós e contras. Já tocamos nesse assunto em alguns artigos aqui no blog da Taller. Acho que uma parte triste é estar longe dos seus colegas, mas pude conhecer pessoalmente alguns deles no evento.
É estranho e ao mesmo tempo maravilhoso se sentir completamente à vontade com pessoas que trabalham com você. Não sinto aquela pressão de serem colegas de trabalho e, honestamente, não consigo nem fazer essa divisão com eles. É uma família que escolhi e que me escolheu. Sou muito grata por fazer parte disso!
Conhecer uma parte da galera do Training Center
Conhecer boa parte das pessoas que cuidam, alimentam e fazem o Training Center continuar vivo. Olhar no olho de cada um e ver de perto quem são me fez acreditar mais no projeto como um todo.
Sou muito grata aos artigos que estão no Medium, porque foi lá meu primeiro contato com a galera. E foi isso que mais me fez valorizar esse todo o trabalho feito pela comunidade, porque trabalhar o dia todo, lidar com a vida e ainda conseguir separar tempo para ajudar outras pessoas não é algo fácil de se fazer.
Sem hipocrisia, muito obrigada pelo tempo que todos dedicam ao projeto: ele ajuda muitas pessoas. Os cafés, os rolês e as risadas em todos esses dias serão inesquecíveis.
Meus grandes mestres
Um dos momentos mais especiais foi, sem dúvida, estar perto e tirar uma foto ao lado dos meus dois maiores mestres: Fernando Daciuk e Kyle Simpson. Se eu sei alguma coisa de JavaScript hoje, muito foi ensinado pelos dois.
Isso tudo está acontecendo também porque um dia entrei no Grupo dos Ninjas no Telegram onde, além do Daciuk, tem uma galera sensacional que se reuniu, graças aos cursos Ninja™, para falar de JS e todo universo web com extremo respeito ao nível de estudo que cada um está, onde todo mundo se apoia e aprende junto. Inclusive piadas “novas”, né, Daciuk? Fiz muitos webamigos lá dentro que são pessoas que faço questão de manter na minha vida.
Representatividade e inclusão
Em 2017, me emocionei vendo os vídeos de todas aquelas mulheres nos representando e este ano eu estava perto delas! E foi ótimo ver a Evelyn Mendes no palco novamente depois de tudo que houve ano passado. Se você é homem, talvez seja difícil mensurar o quão importante é se sentir representada num ambiente majoritariamente masculino. É importante ter outras mulheres para se inspirar quando você está alçando voo em uma nova jornada em sua vida.
Uma dessas mulheres é a Zambrana, que tem com uma história de início no desenvolvimento parecida com a minha. Poder abraçar ela foi um dos momentos mais difíceis de conter a emoção. Estar em um evento em que 50% das palestrantes eram mulheres, ver o trabalho árduo da Débora e da Isa para apresentarem o evento, a Fernanda motivando outras pessoas a palestrar no cantinho do amor @help4papers me fizeram sentir que pertenço àquele lugar.
Quero parabenizar a galera da organização do evento, porque eu nunca tinha visto uma fila de credenciamento funcionar sem você sofrer. Pelos comentários, foi lição que a edição de 2017 deixou e vocês tiveram um cuidado especial com isso. Me chamou atenção alguns cuidados como a escolha do local, elevadores e com a inclusão do evento através da acessibilidade para deficientes físicos, tradução das palestras para quem não fala inglês, coffee break com opção para quem é vegetariano etc. Também quero aproveitar para dizer que o melhor café do shopping inteiro era o servido lá! São pequenos detalhes que fazem toda a diferença.
Quero finalizar dizendo obrigada a todos que estiveram envolvidos na realização desse sonho. E Ramon, Edu e Fe Montanha, a homenagem de vocês no final me surpreendeu. Eu não esperava por isso. Quando mostrei o vídeo para a minha mãe, rolaram lágrimas de orgulho. Como eu disse no backstage, o trabalho de vocês impacta a vida de muita gente, mesmo que vocês não saibam. Muito obrigada por tudo!
Lembrando da palestra do Rafael Specht, quero trazer a letra de uma música que adoro do álbum Low:
So deep in your room, you never leave your room
Something deep inside of me
Yearning deep inside of me
Talking through the gloom
What in the world can you do?
Eu escolhi programar e isso está mudando minha vida, Bowie.