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Sistemas de Design: a evolução do Atomic Design

Atomic Design em sistemas de design

Quem acompanha as discussões das comunidades de design digital nos últimos quatro anos, certamente já escutou os termos “sistemas de design”, “atomic design” e “guia de estilo”. Inclusive, aqui no blog já tratei desses assuntos em uma série de textos onde narrei o processo de redesign do nosso site. Recentemente o pessoal da Impulso me convidou para compartilhar em um hangout um pouco do que sabia sobre o tema mais quente do momento: sistemas de design.

Como ainda noto uma certa confusão no uso de alguns termos, resolvi fazer um complemento ao texto que escrevi em 2017, e, à partir dele e do hangout com a Impulso, abordar outros temas e referências que estão em ebulição neste exato momento.

(O vídeo da minha talk estará no final do texto.)


A motivação inicial

Os últimos 15 anos foram de transformações intensas para aqueles que trabalham com design digital. Na verdade, podemos assumir o lançamento do iPhone como um marco importante para a nossa profissão, uma vez que a adoção dos smartphones cresceu significativamente depois da chegada da Apple no mercado mobile, o que exigiu dos profissionais de criação de interfaces digitais uma abordagem que levasse em consideração os diversos tamanhos de tela e as novas interações dos usuários com os mais variados tipos de aparelhos.

Foram períodos conturbados na relação tripla entre designer, desenvolvedores e clientes. Primeiro, porque as ferramentas que estavam disponíveis na época ainda tinham o designer gráfico em mente, ou seja, focadas no processo de impressão; segundo, porque as metodologias de trabalho eram lineares (cascata) emulando o processo de impressão, que não aceita mudanças depois que o arquivo vai para a gráfica. Com o tempo, as abordagem metodológicas dos desenvolvedores ganharam terreno dentro da comunidade de design de interface e usabilidade, o que estimulou um convergência para as seguintes questões: como diminuir o desperdício de tempo e energia na relação com os desenvolvedores, e como abraçar os ajustes (as temíveis refações) dentro do nosso processo de trabalho?

Em meados de 2012, ganhou força a adoção dos guias de estilos modelo (frameworks). O mais conhecido foi o Bootstrap do Twitter. Hoje esses guias estão no repertório de referências do senso-comum para quem atua na área do design digital, mas quando surgiram eram a resposta para os problemas mais cabeludos que estávamos enfrentando. E com esse guias, ficou claro que uma abordagem por componentes faria muito mais sentido do que a clássica abordagem por páginas (resquícios ainda das metáforas com o mundo físico dos livros).

 

A gênese de um novo movimento

Posteriormente, entre 2013 e 2015 a conversa sobre guia de estilos ganhou força por conta de dois eventos: a apresentação do conceito de interface modular atômica (Atomic Design, do Brad Frost) e lançamento – finalmente! – de uma ferramenta feita para interfaces responsivas e componetizadas, o Sketch. De lá pra cá, as novidades são diárias: Plugins, discussões, novas ferramentas, palestras, meetups temáticos, livros, séries em vídeo… Se antes o assunto ainda estava restrito a um nicho de curiosos, hoje já podemos dizer que é mainstream nas comunidades de profissionais que trabalham criando para web e desenvolvendo software.

Por estar em constante debate, gradativamente os conceitos de guia de estilo se expandiram para a ideia de um sistema de design. Uma evolução natural, que engloba o guia de estilo, e permite que outras diretrizes sejam acopladas – como por exemplo, o “tom de voz” dos textos de um sistema, ou os elementos da marca gráfica (branding assets).

Uma definição importante a ser feita é o da própria palavra sistema de design. Por sistema me refiro a elementos que interagem; e design como sendo a intenção de comunicar. Então o sistema de design são as diretrizes de como certos elementos de interface vão interagir para comunicar algo para o usuário. Este algo pode ser uma orientação para ação, por exemplo.

 

Para sair do campo abstrato e ir para a aplicação concreta desses conceitos, nada melhor do que observar alguns bons sistemas de designs:

(Bridge) https://bold.bridge.ufsc.br 

(IBM) https://www.carbondesignsystem.com

(Atlassian) https://atlassian.design

(Adobe) https://spectrum.adobe.com/

 

O estado atual do debate

Atualmente, em 2019, ainda estamos presenciando a chegada de novas – e melhores – ferramentas de desenho de interface (oi, Figma! 👋), bem como o amadurecimento de conceitos que foram úteis por um tempo, mas se mostraram limitados. É o caso do próprio Atomic Design. Brad Frost, o front-end designer que popularizou o termo, já nos alertou que não devemos encarar o conceito como uma metodologia fechada, mas sim uma maneira de encarar a modularização das interfaces. Tanto é que existe uma outra abordagem (Component Based Design) que incrementa o Atomic Design, cobrindo aspectos que estavam sendo negligenciados: as cores, tipografia e família de ícones, que seriam pré-requisitos para os “átomos”.

A seguir, um resumo que a página UILab fez para explicar melhor a ideia de usar os componentes para hierarquizar a interface:

fonte: https://www.instagram.com/p/B1G28L9gz0I/


Sugestões e recomendações

Para aqueles que quiserem se aprofundar no tema, sugiro a leitura do texto “How we’re using Component Based Design”, escrito pelo pessoal da Heavyweight.

Para encerrar, vou deixar algumas recomendações para começarmos a pensar sobre alguns desafios que ainda temos pela frente. 

  1. Como vender a ideia de sistema de design internamente? Esse é o tema de uma recente palestra do Brad Frost: The Technical Side of Design Systems;
  2. As etapas para lançamento do sistema de design, com o mestre Nathan Curtis: Releasing Design Systems;
  3. A interação na prática entre devs e designers: Designer + Developer Workflow;
  4. Fica a recomendação para assistir o hangout que o Rafael Caceres, CEO aqui da Taller, fez sobre Gestão Ágil com Fluxo Unificado com o pessoal da Impulso também;
  5. E finalmente, o hangout que fiz com o pessoal da impulso: Atomic Design no contexto de times ágeis;


Concluindo, fica meu convite para quem se interessa pelo tema: escreva, palestre, converse com os parceiros de trabalho. A comunidade brasileira está bem ativa, e todo conteúdo será bem-vindo. Espalhar esses conceitos de modularidade é, no fim das contas, benéficos para toda a cadeia de profissionais envolvidos no planejamento e construção de softwares, aplicativos e websites. Melhorar nossa forma de trabalhar é, por tabela, melhorar a qualidade das nossas vidas.

Grande abraço e boa semana! 👊

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