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Taverna Taller #6 – Lições do Karatê e Rugby com Mario Filho

O Taverna Taller é um podcast criado para explorar um tema quente por mês. Cada programa contará com a presença de um integrante do time da Taller ou de algum convidado especial.

Coloque um fone de ouvido, dê o play e aproveite o passeio. Mas cuidado, nem tudo é o que parece Muahaha!

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(Confira a seguir a versão transcrita e adaptada do podcast)

O que karatê, rugby e scrum podem ter em comum? Quais lições podemos aprender com os esportes?

Narradora:

Nosso viajante decide explorar novos espaços e segue um fluxo de pessoas até a arena de treinamento em combate. Lá assiste atentamente aos alunos praticando os movimentos. Meio sem saber o que está acontecendo decide perguntar a quem está ao seu lado…

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[Viajante]

Ei, com licença. O que está acontecendo por aqui? Por que as pessoas estão fazendo o mesmo movimento e referenciando umas às outras?

[Desconhecido]

A reverência é um sinal de respeito com os outros atletas e companheiros. Os movimentos repetitivos servem para que tenhamos,cada vez mais, um movimento melhor na busca pela perfeição.

[Viajante]

E de onde você tirou esse conhecimento?

[Desconhecido]

Por muito tempo eu treinei karatê. Hoje sou faixa preta e continuo na busca da perfeição do movimento pela repetição. No rugby, esporte que também já pratiquei, existe um sistema parecido.

[Viajante]

E como é o seu nome?

[Mario]

Me chamo Mario.

[Viajante]

Legal, e você faz parte da Taverna Taller?

[Mario]

Aqui na Taller sou desenvolvedor, atuo no fluxo único, trabalhando desde as conversas com clientes até análise e, principalmente no desenvolvimento.

[Viajante]

Você citou algumas atividades esportivas como karatê e rugby. De que forma elas influenciaram a sua atividade como desenvolvedor?

[Mario]

Principalmente o karatê, me ensinou a ter foco e muita disciplina já que estamos trabalhando com o ágil e, principalmente, pela maneira que atuamos aqui na Taller com horário flexível, por exemplo. Precisamos também de disciplina pra cumprir os acordos de trabalho, os horários que combinamos com os colegas ou ainda pra ter ordem no horário de estudo e de lazer. A disciplina auxilia bastante em não desistir no primeiro problema que encontramos, dando tempo para podermos nos aperfeiçoar e os problemas se tornarem mais fáceis.

[Viajante]

Verdade, e vejo que no karatê existe de forma muito forte a figura do mestre, que guia. Isso acontece na cultura ágil dentro da Taller? Ou esse é um papel compartilhado pelos desenvolvedores?

[Mario]

Posso me considerar um privilegiado em trabalhar aqui na Taller, por termos várias figuras de mestre aqui. Cada um em uma área, e muitas vezes, temos vários mestres na mesma área. 

[Viajante]

Então o papel de liderança não está, necessariamente, atribuído a um cargo de gestão, certo? Está distribuído entre as pessoas pois, pelo que percebo, até um desenvolvedor mais novo pode puxar ações de liderança tendo as habilidades necessárias…

[Mario]

Num primeiro momento enquanto estávamos conversando de liderança, estávamos falando de liderança técnica mas não existe só esse tipo de liderança. Principalmente para ganhar as batalhas do dia-a-dia contra projetos, prazos, enfim, precisamos de liderança comportamental também, pessoas que motivem o resto do time, que trabalhem muito bem em grupo e realizem cobranças de uma maneira que mantenha o ambiente leve e, acima de tudo isso, que exerçam a liderança pelo exemplo.

 [Viajante]

Você citou que já fez rugby e uma vez eu escutei uma história de que o rugby tinha a ver com o nascimento do movimento ágil, ou algum tipo de metáfora. Você pode explicar isso com mais detalhes?

 [Mario]

O rugby foi inspiração para uma metodologia ágil chamada Scrum. Scrum é uma formação do rugby. Quando ocorre alguma falta, o scrum é quando o pack, que é o conjunto dos oito jogadores mais pesados do time, se unem um com o outro e se empurram. A metodologia se apropriou do nome Scrum com base nisso, para que a união fizesse a força.

 [Viajante]

E que outros tipos de habilidades profissionais são importantes no desenvolvimento pessoal para melhorar a performance do time com quem ela trabalha ou mesmo na vida particular?

[Mario]

Abordamos várias até aqui como o foco e a disciplina, principalmente quando não tem ninguém que te faça ter regras bem determinadas como horário e ponto para entrar e sair já que a disciplina ajuda na auto-organização. Na verdade, qualquer esporte pode ajudar a ter determinação também você pois sempre terá que lidar com a derrota, não é sempre que você vai ganhar.

[Viajante]

Verdade, e o rugby é bem conhecido por treinar as pessoas, os praticantes, a lidarem melhor com a derrota, a frustração, inclusive tem um caso do terceiro tempo. Você poderia explicar melhor?

[Mario]

Rugby é um esporte de muito contato e é inevitável que, durante os jogos, ocorram desentendimentos. O terceiro tempo é onde as duas equipes confraternizam. A equipe da casa recebe a equipe visitante, geralmente envolvendo cerveja, e isso faz com que além de adversários eles se tornem amigos.

[Viajante]

Então ao invés de olhar para alguém apenas como competidor, é poder ir além e ver aquele indivíduo como alguém que está te ajudando a ser melhor e merece teu respeito porque está ali tentando se desenvolver. 

Já escutei histórias que o karatê e as artes marciais estimulam bastante a repetição. Tem alguma história interessante que tu queira lembrar, ou alguma vivência que tu já teve ou escutou e queira compartilhar?

[Mario]

No karatê já participei de várias competições tanto a nível estadual quanto nacional, pois sou tri-campeão brasileiro de karatê e campeão sul-americano competindo na Venezuela. Também já fui a dois mundiais, na Escócia e no Japão, onde fiquei em terceiro lugar nos dois. O que gosto bastante de lembrar é de uma lição sobre soberba: eu, como faixa preta, recém voltando do campeonato mundial, fui enfrentar um outro adversário de faixa laranja, que é a quarta faixa e, naturalmente, julguei que já estava com o combate ganho, antes mesmo de lutar e eu perdi. Isso me ensinou bastante. Logo em seguida eu fui campeão brasileiro de karatê, por conta do que aconteceu, pois aprendi a não menosprezar nenhum problema e nenhum adversário, acho essa a lição mais importante: a humildade.

Nas artes marciais é comum ouvirmos a pergunta “Como os japoneses são tão bons? O que será que eles fazem de diferente?” Imaginamos que eles tem um treinamento diferente, um mestre Miyagi. Como falei antes, já fui ao Japão e treinei com os japoneses e, antes do treino, é perceptível o ambiente diferenciado. O mestre não entra antes da aula na sala, é o  aluno mais graduado que dá o cumprimento, porque o karatê começa e termina com cumprimento. Antes de começar a aula cada aluno, indiferente da idade ou faixa, pega um pano e limpa o chão, no início e no fim de cada treino. É o aluno mais graduado que dá também o aquecimento para só depois entrar o professor e começar a aula.

[Viajante]

Tem algum tipo de filme ou conhecimento complementar para quem quer se desenvolver mais como pessoa e não só como desenvolvedor?

[Mario]

Pra quem ainda não teve oportunidade de começar uma arte marcial ou rugby, tenho dicas de filmes que podem servir de inspiração para que vocês possam dedicar um tempo maior pra fazer outro esporte. Remember de Titans (Duelo de Titãs, no Brasil) conta a história real do primeiro time de futebol americano nos USA que aceitou negros e brancos, mostrando como o esporte uniu esses jovens e além de tudo ainda auxiliou no crescimento do desempenho, tanto nos estudos quanto no pessoal daquelas atletas. Essa mensagem me ajudou bastante na minha vida pessoal e como atleta.

Invictus, que também é baseado em história real, conta como Nelson Mandela e a equipe de rugby da África do sul, quando foi campeã do mundo, trataram o preconceito e uniram uma nação pelo esporte.

Temos dois exemplos de filme com o mesmo nome, que é Karatê Kid. Quem é mais antigo vai lembrar da primeira versão, principalmente onde oMestre Miyagi fala para o Daniel San limpar a cerca, com movimento repetitivos de cima pra baixo, e lavar os carros em movimentos circulares. E tem o Karatê Kid mais atual com Jackie Chan, onde ele estimula o seu discípulo com casacos, fazendo-o tirar e colocar.

[Viajante]

Tiramos como conclusão que não adianta só ler a teoria do código, tem que colocar a mão, linha por linha, até passar por esse vale de aprendizado e usufruir da habilidade adquirida.

[Mario]

Tu vai ser um desenvolvedor melhor tecnicamente por cada linha de código escrita e , posteriormente, pelas que tu apaga também, pois cada vez que refatoramos um código vemos o quanto melhor ficamos ao resolver, em menos linhas de códigos, os mesmos problemas.

[Viajante]

Valeu pela conversa, foi legal saber sobre suas habilidades extras e gostaria de me despedir da maneira clássica do karatê: oss!

Valeu por quem vem acompanhando a gente e vamos continuar nossa caminhada para ver quem nós encontramos nessa taverna.


[Narradora]

Esta tarde de inspiração e disciplina chega ao fim e nosso viajante encerra o seu treino.
Oss.